22/02/2014

"Espírito carnavalesco"


Aproximando a semana do carnaval, nada como aproveitar a data e colocar os alunos para escrever...
Relembro aqui uma atividade do GESTAR (Gestão em Aprendizagem Escolar), Curso que fiz pela UNB e repassado por mim aos Professores da Prefeitura de Montes Claros.

Na oportunidade, friso que é bastante interessante não entregar o texto completo aos alunos. Vá somente até essa frase: "– Quero que você vá lá e mande eles pararem com esse barulho."
Deixe que eles completem a história. Que criem à vontade.
O que terá acontecido? O marido saiu para resolver o problema? Não saiu??
Peça que escrevam o que sentirem vontade em relação ao texto. Sempre lembrando que deverá ter um conteúdo que possa ser lido em sala de aula.
 Após, a turma lerá os vários finais que foram criados e somente depois é que o verdadeiro final deverá ser lido pelo(o) professor(a) e verificado quem mais se aproximou do final da história criada pelo autor.
Sairão textos interessantíssimos!!!!
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"Nesta parte da oficina, vamos desenvolver uma crônica a partir de um trecho do texto de Moacyr Scliar, publicado em O imaginário cotidiano. São Paulo: Global, 2002. p. 155"

Espírito Carnavalesco

“Ensaios da escola de samba Mocidade Alegre atrapalham sono de moradores da região.”
Cansado, ele dormia a sono solto, quando foi bruscamente despertado pela esposa, que o sacudia violentamente.
– Que aconteceu? – resmungou ele, ainda de olhos fechados.
– Não posso dormir. – queixou-se ela.
– Não pode dormir? E por quê?
– Por causa do barulho – ela, irritada: - Será possível que você não ouça?
Ele prestou atenção. De fato, havia barulho. O barulho de uma escola de samba ensaiando para o carnaval: pandeiros, tamborins… Não escutara antes por causa do sono pesado. O que não era o caso da mulher. Ela exigia providências.
– Mas o que quer você que eu faça? perguntou e, agora, também irritado.
– Quero que você vá lá e mande eles pararem com esse barulho.
(…)
– De jeito nenhum – disse ele. – Não sou fiscal, não sou policial. Eu não vou lá.
Virou-se para o lado, com o propósito de conciliar de novo o sono. O que a mulher não permitiria: logo estava a sacudi-lo de novo.
Ele acendeu a luz, sentou na cama:
– Escute, mulher. É carnaval, esta gente sempre ensaia no carnaval, e não vão parar o ensaio porque você não consegue dormir. É melhor você colocar tampões nos ouvidos e esquecer esta história.
Ela começou a chorar.
– Você não me ama – dizia, entre soluços: – Se você me amasse, iria lá e acabaria com a farra.
Com um suspiro, ele levantou-se da cama, vestiu-se e saiu, sem uma palavra.
Ela ficou à espera, imaginando que em dez ou quinze minutos a batucada cessaria.
Mas não cessava. Pior: o marido não voltava. Passou-se meia hora, passou-se uma hora: nada. Nem sinal dele.
E aí ela ficou nervosa. Será que tinha acontecido alguma coisa ao pobre homem? Será que – por causa dela – ele tinha se metido numa briga? Teria sido assassinado? Mas neste caso, por que continuava a batucada? Ou seria aquela gente tão insensível que continuava a orgia carnavalesca mesmo depois de ter matado um homem? Não aguentando mais, ela vestiu-se e foi até o terreiro da escola de samba, ali perto.
Não, o marido não tinha sido agredido e muito menos assassinado. Continuava vivo, e bem vivo: no meio de uma roda, ele sambava, animadíssimo.
Ela deu meia-volta e foi para casa. Convencida de que o espírito carnavalesco é imbatível e fala mais alto do que qualquer coisa.


Biografia
Moacyr Scliar nasceu em Porto Alegre/RS  -  23/03/1937; Médico e escritor. Ganhador de vários prêmios como o Érico Veríssimo (1976) e o Jabuti (1988, 1993 e 2000), colaborou com rádios, TVs e jornais como o Zero Hora, de Porto Alegre, e a Folha de São Paulo. Faleceu: 27/02/2011 em Porto Alegre - RS.

03/02/2014

Dinâmica: HISTÓRIA DO CHAPEUZINHO VERMELHO

Antes de iniciar a história, explicar que a dupla ou o trio de participantes só poderá pegar o objeto que está no centro deles (copo, bolinha, etc.) quando for dita a palavra vermelho. As mãos dos participantes deverão ficar para trás (se estiverem de pé) ou no colo (se estiverem sentados) durante a leitura, para que todos tenham a chance de pegar o objeto.
Esse exercício nos oferece a oportunidade de trabalhar: atenção auditiva, reflexo, prontidão, o lúdico, alegria e o prazer de brincar, saber ganhar e perder, e também o respeito pelo outro.

                Era uma vez uma menina muito bonitinha. O nome dela era Gerardona. Gerardona gostava muito de brincar. Morava bem perto da floresta.
                Como vocês sabem, Gerardona tinha uma avó. A avó de Gerardona morava na floresta. Um dia Gerardona ganhou um lindo vestido da vovó. A cor deste vestido era verde. Gerardona gostou muito, mas ficou apertado para ela.
                Ela resolveu trocar o vestido. Chegando à loja viu muitas cores: azul, verde, violeta, amarelo... Mas ela quis mesmo foi o vermelho.
                E Gerardona, tanto usou este vestido, desta cor, que ficou com o apelido de Teimosa. E Teimosa pra aqui, Teimosa pra lá...que ela foi ficando chateada com este apelido, reclamou à mãe, que por sua vez foi reclamar com o prefeito. Este baixou uma portaria proibindo de chamá-la de Teimosa. E a partir deste dia, o nome dela foi Chapeuzinho Vermelho.
                Um dia a mãe a chamou e disse:
_ Chapeuzinho, vá levar umas frutas à vovó. Ela está doente!
                Chapeuzinho pegou a cesta e saiu pelo caminho da floresta. Chegando no meio do caminho, viu uma moita de capim em movimento. Perguntou:
_ Quem é?
_ Eu, o lobo!
                De repente saiu de lá um moreno alto, de olhos verdes, bonito e sensual. Chapeuzinho se assustou:
_ É você o lobo mau?
                O lobo não deu atenção àquilo, estava com fome e disse:
_ Dê pra mim uma destas maçãs?
                Chapeuzinho respondeu:
_ Não, são da vovó!
_ Apenas uma! Que lindas maçãs!
_ Não! Respondeu Chapeuzinho. Mas depois mudou de ideia e disse:
_ Só um pedaço desta verde, pois a vermelha é da vovó!
                Mais que depressa o lobo foi embora e chegou na casa da vovó. Tocou a campanhia: Blim, bom!!!
_ Quem é? Perguntou a vovó.
_ Sou eu, Chapeuzinho Vermelho!
_ Entre, minha netinha.
_ Não posso, a porta está fechada!
_ Ah, é mesmo! Pegue a chave que está aí neste vaso verde!
                O lobo entrou e pegou a vovó, colocou dentro do guarda-roupas e vestiu um vestido dela, que era branco com bolinhas vermelhas.
                Aí chegou Chapeuzinho, assustou-se ao ver o lobo pensando ser a vovó. Surgiram as perguntas e respostas de sempre:
_ Vovó, pra que estas orelhas tão grandes?
_ Pra te ouvir!!!
_ Pra que esta língua tão vermelha?
_ Estou com febre e estomatite!!!
                Mas Chapeuzinho não engoliu as falas do lobo, percebeu que era malandragem. Saiu correndo atrás dele pela floresta afora. Quem aparece? O caçador!!! Mais que depressa tirou o celular do bolso e chamou os Power Rangers. Apareceram, imediatamente, o azul, o verde e o vermelho. Juntos deram uma lição de moral no lobo que, vermelho de vergonha, volta, tira a vovó do guarda-roupas e sai correndo. Machuca-se na cerca, ficando com a pata vermelha de sangue.

                Assim termina a história de Chapeuzinho Vermelho!!!