Diamantes são eternos e, espera-se, as construções associadas a eles também: Diamantina vai se tornar patrimônio cultural da humanidade. O antigo arraial de Xica da Silva conservou intactos igrejas e casarões do século XVIII, quando era o trecho mais rico do Brasil.
Diamantina é um município brasileiro do estado de Minas Gerais. Sua população estimada em 2010 era de 45.884 habitantes.
É a terra natal do ex-presidente da República Juscelino Kubitschek de Oliveira e de Francisca da Silva de Oliveira, a famosa Chica da Silva (c. 1732-1796)
Na região de Vila do Príncipe, explorou-se o ouro até 1729. Nessa data, contudo, ela foi proibida, pois dois anos antes haviam sido descobertas jazidas de diamantes muito mais valiosas. Declarou-se que a extração de diamantes seria monopólio da Coroa e todas as concessões de garimpo do ouro estavam canceladas. A região foi separada de Minas Gerais: em 1731 criou-se o distrito diamantino com sede no Arraial do Tejuco, origem de Diamantina. A área reservada à extração de diamantes foi cercada. Só poderiam habitar ali os diretamente envolvidos com a exploração dos diamantes, que eram os escravos, seus feitores e os donos das lavras. Para evitar o contrabando das pedras preciosas havia várias proibições. As tabernas não abriam durante a noite, quem pedisse esmolas não podia entrar no distrito, ali não existiam irmandades religiosas. Nunca houve uma dose igual de repressão na vida brasileira.
Entre 1740 e 1771, a exploração de diamantes foi realizada por contratadores, que pagavam à Coroa uma quantia predeterminada. Foi o período de maior crescimento da região. Os contratadores ergueram igrejas como a de São Francisco (acima à dir.), mais singela que a de Vila Rica. Além disso, nos tetos e altares, os pintores locais não ousavam explorar grandes espaços. Segundo alguns analistas, sua pintura contida, quase asfixiada, reflete o cerceamento físico e especialmente psíquico a que estava submetida a população do Tejuco.
"Juscelino Kubistchek foi eleito presidente da República em 1955, juntamente com o vice-presidente João Goulart. Nos primeiros anos do pleito, após a situação política ter tomado seus caminhos (tentativa de golpe da UDN (União Democrática Nacional) e dos militares), rapidamente JK colocou em ação o Plano de Metas e a construção de Brasília, transferindo a capital do Brasil da cidade do Rio de Janeiro para o Planalto Central. Sendo assim, abordaremos os principais feitos realizados por JK durante o seu governo como presidente (1955-1960).
O Plano ou Programa de Metas (31 metas) tinha como principal objetivo o desenvolvimento econômico do Brasil, ou seja, pautava-se em um conjunto de medidas que atingiria o desenvolvimento econômico de vários setores, priorizando a dinamização do processo de industrialização do Brasil.
O desenvolvimentismo econômico que o Brasil viveu durante o mandato de JK priorizou o investimento nos setores de transportes e energia, na indústria de base (bens de consumos duráveis e não duráveis), na substituição de importações, destacando a ascensão da indústria automobilística, e na Educação. Para JK e seu governo, o Brasil iria diminuir a desigualdade social gerando riquezas e desenvolvendo a industrialização e consequentemente fortalecendo a economia. Sendo assim, estava lançado seu Plano de Metas: “o Brasil iria desenvolver 50 anos em 5”.
Para ampliar o desenvolvimentismo econômico brasileiro, JK considerava impossível o progresso da economia sem a participação do capital estrangeiro. Para alcançar os objetivos do Plano de Metas era necessária uma intervenção maior do Estado na economia, priorizando, então, a entrada de capitais estrangeiros no país, principalmente pela indústria automobilística. Ressalta-se que nesse período o Brasil iniciou o processo de endividamento externo.
Os setores de energia e transporte foram considerados fundamentais para o desenvolvimentismo econômico, ressalta-se a importância do governo Vargas neste processo, com a criação da Companhia Siderúrgica Nacional em Volta Redonda-RJ no ano de 1946 e da Petrobras no ano de 1953. Outros setores que ganharam relevância foram o agropecuário; JK procurou aumentar a produção de alimentos e o setor energético, construindo as usinas Hidrelétricas de Paulo Afonso no rio São Francisco e as barragens de Furnas e Três Marias.
Contudo, tais mudanças empreendidas por JK ocasionou a acentuação da industrialização do país com um aumento do Produto Interno Bruto (PIB) anual em 7%, mas não superando a inflação da dívida externa. A industrialização do país se efetivou basicamente na região sudeste, destacando neste momento a grande migração nordestina para esta região.
Após analisarmos alguns pontos do Plano de Metas, focaremos a outra promessa de campanha efetivada por JK: a construção de Brasília e a transferência da capital federal. Em fins de 1956, depois de o Congresso Nacional ter aprovado a transferência da capital, iniciaram-se as obras da construção de Brasília. A nova capital do Brasil teria um moderno e arrojado conjunto arquitetônico realizado pelo arquiteto Oscar Niemeyer. O Plano Piloto da cidade foi desenvolvido pelo urbanista Lúcio Costa.
Juscelino Kubistchek não foi o primeiro a falar sobre a possiblidade da transferência da capital do Brasil, desde 1891 a Constituição Federal, no seu artigo 3º, já almejava a transferência. Na última década do século XIX, mas precisamente no ano de 1894, foi nomeada uma comissão que visitou e demarcou a área do futuro Distrito Federal no Planalto Central. Essa comissão ficou conhecida como Missão Cruls em referência ao astrônomo belga Luiz Cruls que a chefiava.
A interiorização da capital federal já era um sonho de muitos brasileiros anteriores a JK, mas foi Juscelino que efetivou a transferência da capital. Acostumado a lidar com projetos arrojados, JK deu a ordem para o início da construção de Brasília, os trabalhos tiveram início no final de 1956. A nova capital foi inaugurada no ano de 1960.
A construção da nova capital se configurou como uma grande meta a ser cumprida. Brasília somente pôde ser efetivada a partir da grande vontade de JK, e também pelo empenho dos trabalhadores que a construíram, grande parte se constituía de migrantes da região nordeste do Brasil. Os trabalhadores que a construíram tornaram seus primeiros moradores, ficando conhecidos como “Candangos”.
Com Juscelino Kubistchek, o interior do Brasil passou a ser visto como espaço de possibilidades, como parte integrante da civilização brasileira".
Leandro Carvalho
Mestre em História
Fonte: http://www.brasilescola.com/historiab/juscelino-kubitschek.htm
"Francisca da Silva de Oliveira, a famosa Chica da Silva, foi uma escrava alforriada, que viveu no arraial do Tijuco, atual Diamantina, Minas Gerais, durante a segunda metade do século XVIII.
Mulata formosa, prendada estéticamente, fora propriedade do Padre Rolim, Inconfidente Mineiro, até ser alforriada por este, a pedido do novo Contratador de Diamantes, João Fernandes de Oliveira.
Acerca da Chica, corria no Tijuco a boca miúda, algumas lendas, causos interessantes, modus vivendi.
Era amancebada com o homem mais famoso destas plagas, o Contratador João Fernandes de Oliveira, com o qual teve 13 filhos. O Contratador já era um homem rico, dono de uma quadra inteira de casas no bairro do Chiado, em Portugal, e várias quintas. Por estas plagas, e pelo cargo que ocupava, aumentou muito sua fortuna.
O contratador João Fernandes construiu um Palácio com vinte e um cômodos, onde havia um jardim com plantas exóticas, cascatas artificiais. Como a Chica da Silva não conhecia o mar, João Fernandes mandou formar um lago artificial e construir um navio à vela, que navegava no lago transportando os convidados das grandes festas que oferecia à sociedade local. Essas festividades eram animadas por uma orquestra particular e pelas apresentações de teatro.
A Chica da Silva era semi analfabeta, mas tornou-se uma mulher riquíssima, freqüentava a Igreja carregada por escravos em Liteiras, com um séquito de 10 mucamas finamente bem vestidas e ornadas com jóias e Diamantes.
Uma vez, mandou arrancar todos os dentes de uma escrava que lhe servia, simplesmente porque o seu amante elogiou os dentes da dita escrava.
Também era famosa a blague que dizia: O peido que minha sinhá deu, foi ela não, fui eu. Quando a Chica da Silva soltava um pum, prontamente uma escrava assumia a autoria.
A Igreja do Carmo
João Fernandes de Oliveira o contratador amancebado com uma escrava Chica da Silva, desentendeu-se com os membros da Ordem Terceira do Carmo, que estavam a construir a Igreja do Carmo, tendo que arcar sozinho, com as despesas da Construção, e foi assim que ordenou a construção da Torre mestre nos fundos da Igreja, para que sua amada pudesse freqüentar a Igreja, visto que, era Lei naquela época; os escravos, mesmo os alforriados, não poderiam ultrapassar a Torre da Igreja, deveriam assistir as missas do lado de fora da Igreja. Além da Torre nos fundos da Igreja, os altares laterais, o altar mor e a nave, foram pintados a Ouro e mandou construir um lindo e potente Órgão na entrada, movido a fole, com mais de 750 cânulas, confeccionado no Tijuco por um artífice Padre.
O fato de uma escrava alforriada ter atingido posição destaque na sociedade local durante o apogeu da exploração de diamantes deu origem a diversos mitos. Chica da Silva foi uma escrava que se fez Rainha, utilizando sua beleza e apetite sexual invulgares para seduzir pessoas poderosas, entre as quais João Fernandes de Oliveira o Contratador dos Diamantes, cuja fortuna dizia-se ser maior do que a do rei de Portugal.
O Tijuco, era uma província Mineral, que sustentou Portugal por décadas a fio, com sua altíssima produção de Ouro e Diamantes, pagando inclusive a proteção Espanhola, contra pirataria Inglesa. Sustentou por longo período o fausto da Coroa Portuguesa.
E assim sendo, a província do Tijuco, transformara-se em um Estado dentro do próprio Estado, reportava-se diretamente ao Rei de Portugal. Tinha Leis próprias, não era submetido ao comando do Governador Geral da Capitania das Minas Gerais, o que causava enormes ciúmes e intrigas. Este poder exercido pelo Contratador, de vida e morte, de deportação, prisão, confisco de bens, desapropriações e o que mais necessário fosse ao bom andamento dos trabalhos exploratórios mineiros de Diamante e Ouro. Existia o famoso Livro da Capa Verde, que nunca foi encontrado, contendo todos os atos e Decretos dos Contratadores.
A exploração mineral no Tijuco, teve duas fases distintas: a primeira sobre o modelo de contrato de arrendamento, pagava-se antecipadamente uma quantia determinada em dinheiro por um lote Diamantino e o que fosse produzido naquela área, estaria livre de tributos. Em uma segunda fase, mudou-se o regime de exploração, passando ao famoso “quinto”, significava que a quinta parte do que se produzia era para a Coroa Portuguesa, um royalite de 20% sobre a produção bruta, sem descontar os custos operacionais. O “quinto”, foi um dos motivos maiores da trama da Inconfidência Mineira, que levou vários personagens ao Degredo na África, como o Padre Rolim, a morte por enforcamento de Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes, a prisão do Poeta Alvarenga Peixoto e Cláudio Manuel da Costa.
Imaginem, naquela época, fizeram uma revolução por conta de 20% de impostos, e hoje, pagamos algo em torno de 38% e ninguém diz ou faz absolutamente nada.
A evasão de divisas e a sonegação dos tributos eram altíssimas e fez surgir o famoso “Santo do Pau Oco”, que eram imagens de Santo, com furos no pedestal para esconder Diamantes e contrabandear para Portugal sem pagar impostos".
Luciano Becheleni é residente de Diamantina e especialista em mineração.
Fonte: http://www.ehelpcarolina.com/chica-da-silva-escrava-excntrica/
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