06/07/2010

Atleticano vira Cruzeirense?

Nairlan Clayton Barbosa

Dia desses aí indo de volta pra casa depois de um dia tenebroso de trabalho, falo tenebroso porque, sinceramente gente, o batidão das horas de labor são deveras e naturalmente estressante. Não que a gente não goste desse ofício maravilhoso que é ser porta voz da notícia, nem reclamando estou. É que o corre-corre daqui pra lá, de lá pra cá nos causa mesmo um cansaço físico e mental, normal para quem vive atrás de apurar factos. Mas, como diria de forma feliz o Editor-chefe Ricardo Freitas: "No fim tudo dá certo".

Então, como estava lembrando, dia desses subindo a charmosa, caliente, histórica e voluptuosa Melo Viana, não poderia deixar de passar em branco, ou passar direto seguindo em frente sem não aportar no local mais badalado dessa primitiva via montesclarina. É esteio do time que não é do meu coração, isso é verdade. Mas os amigos que por lá passeiam o são, sem sombra e nem margem para nenhuma dúvida. Aliás, tenho visto a sutileza eclética com que Joãomar Galdino tem aceitado freguesias diversas, escudos diferentes, camisas das mais variadas cores no seio do imortal Azul e Branco, ponto de encontro dos amigos na esquina da Melo Viana com a Professor Álvaro Prates.

E quando digo que Joãomar tem feito do seu bar uma vitrine futebolística, quero provar a minha tese.

Por exemplo, ontem me deparei com Bibi vestido com a camisa do Villa Nova de Nova Lima. É isso mesmo, estou me referindo ao Leão do Bonfim. Certamente, Bibi deve ser torcedor do Villa desde criancinha, pressupõe-se.

Outro freqüentador assíduo é o flamenguista Toni Pindoga. Virou figura típica daquele logradouro beleza pura. Pelo menos duas vezes ao dia é preciso recorrer às previsões do Guru para anteceder os resultados da "Loteca" e quem sabe até arriscar uma fezinha baseado no seu prognóstico.

Aí nesta lista nos referimos aos Botafoguenses Jorge Bodera e Márcio Goulart. Os cruzeirenses de praxe e já esperados diariamente, como Maza, Wilson, Carlinhos, Zé Carlos e tantos outros. Aliás, outro dia Toni Pindoga me mostrou uma foto antiga dos jogadores "profissionais" do pé do morro e nela, amarelada pelo tempo, naquela famos foto oficial antes do jog estava o Zé Carlos com uma cabeleira maior que a do Toni Tornado na época de ouro da Soul Music. Quem te viu, quem te vê. Tudo que se observa com raridade na cabeça do Zé hoje é cabelo. Mas tudo bem, se lhe faltam fios capilares, sobra experiência e muita história pra contar.

Mas tem a turma nova também, e é sobre esta que quero me referir nesse meu "causo" intrínseco que sofreu análises, as mais didáticas, em virtude da sua profundidade bucólica e bossal.

Na mesa do lado de fora do Azul e Branco refestelavam-se entre um gole e outro três figuras pitorescas e extremamente divertidas no dia a dia dos moradores da colina Dona Germana.

Eram eles Andrezinho, Márcio e Índio. Num bate papo animado de fim de tarde início de noite como é de costume. Mais para fim de noite do que para fim de tarde.

Ao subir para o descanso noturno, fui pego, de chofre, com uma pergunta extremamente profunda e de diversas interpretações, pergunta esta que me tomou um desejo caloroso de dividi-la com meus leitores.

Afinal, a dúvida sumária é: Um atleticano pode tornar-se cruzeirense?

Índio me mostrou foto de William com camisa do Cruzeiro, logo William que é um atleticano declarado. Mas a situação alcoólica em que William se encontrava visualmente na foto não se pode afirmar nada. Invalida o documento. Assim, não foi aceita como prova do crime. Digo isso por que é um crime inafiançável um sujeito trocar a casaca dessa maneira, ainda mais para o seu arqui-inimigo mortal. Mas, descredibilizo a foto feita. Preparada. Foi sacanagem do Índio.

De qualquer forma, a lebre foi levantada e despertou curiosidades mil. O inverso eu conheço, e são milhares de casos de Cruzeirenses virarem alvinegros, sendo o caso mais famoso o do cantor Vander Lee que pertencia a Máfia Azul e hoje defende a Galoucura. Virou atleticano, contagiado pela Massa alvinegra do Gigante Pampulha. Outro exemplo mais próximo é o do próprio Andrezinho, que, após a presença no jogo em que o Galo sagrou-se campeão da série B, virou mesmo a casaca e hoje é um atleticano nato, convicto.

Mas, um atleticano virar cruzeirense ainda não foi fato divulgado na mídia. Ainda é inexistente nos anais da história.

Pronto. Foi o suficiente para mexer com uma gama de pesquisa que já moveu um sem número de opinadores com suas mais diferentes teses.

Foram gastos alguns minutos preciosos para debatermos este verdadeiro imbróglio submetido a análise e opinião dos mais conceituados jornalistas esportivos.

Geraldo Sá jura ter um amigo que era atleticano e virou cruzeirense. Saulo Souza tem nomes. Samuel Nunes pressionou Lucilene Porto a dizer que já tinha sido atleticana e que hoje é cruzeirense, sob a premissa de joga-la do lado de fora do carro em movimento. Pra mim assim não vale.

Foram muitas as tentativas, mas ninguém ainda me deu uma resposta satisfatória a esta pergunta.

Sendo assim, acho que me resta não aceitar nada como fato, mesmo por que se existiu nesse mundo um atleticano que virou cruzeirense, resta-nos a conclusão mais plausível e real de que tal ser duvidoso jamais foi atleticano, por que torcedor que é torcedor do Galo, jamais abandona este vício chamado Clube Atlético Mineiro.

Ser Atleticano é assim.

Não se explica.

Se sente

Brasil 4 X 0

Assistindo ao jogo no sábado tive a impressão de que o Brasil não estava jogando contra o Uruguai, mas sim contra o peru.
Não o Peru Seleção.
Mas o Peru, denominação que se dá quando um goleiro engole um frango daqueles.
Pagamos na mesma moeda ao time protagonista do famoso "Maracanazo" de 1950.
Aliás, na mesma moeda não.
O Brasil perdeu do Uruguai aqui por 2 a 1.
No Centenário em Montevidéu massacramos a Celeste Olímpica por simples 4 a 0.
Não que eu goste dessa seleçãozinha "chinfrin" do Dunga.
Mas, acho que lavamos a alma com os tais 4 a zero.
Claro que o Brasil ganhou do Uruguai em outras ocasiões, mas nunca por um placar tão elástico.
Como dizem os mais entendidos que "Tabus são para ser quebrados", então realmente depois de 33 anos, o Brasil voltou a sorrir sob o céu da linda capital uruguaia.
Mas, o Peru que o goleiro celeste levou ajudou em muito a desestabilizar a equipe dos Pampas.
Foi um lance muito parecido ao que o goleiro Valdir Peres levou em 1982 quando o Brasil abriu a copa do mundo enfrentando a seleção toda poderosa da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
Ainda bem que tínhamos Sócrates e Éder para nos livrar, naquele lance magistral onde o Cracasso Falcão deixou a bola passar por baixo das canetas e o Éder Aleixo meteu um bombasso fulminante contra a meta de Dassaiev, que só pode buscar a pelota no fundo das redes. Eu era adolescente ainda mas a imagem ficou cravada na minha mente.
De qualquer maneira, antes da bonança houve a tempestade.
Sábado a pobre criatura do Uruguai engoliu um peru do tamanho da Guerra dos Farrapos.
O autor da proeza foi Daniel Alves. Confesso que não conhecia do futebol do Daniel Alves, e continuei sem conhecer, por que ele simplesmente sumiu em campo, assim como sumiu Kaká. A defesa brasileira não chegou a comprometer, mas o Júlio César teve que fazer algumas defesas surpreendentes e muito provavelmente foi o melhor jogador em campo conforme a crônica carioca esclareceu. E olha que a crônica carioca falar mal da CBF e do Dunga é realmente um "must".
De qualquer maneira, vou me restringir a alegria do brasileiro que foi ganhar do selecionado Uruguaio em pleno Centenário. Vamos comemorar enquanto ainda podemos não é verdade?
Pois que assim seja.
E vamos agradecer demais ao peru engolido pelo goleiro do Uruguai, afinal de contas, foi a abertura da porteira pro resto que veio.
Afinal de contas o torcedor brasileiro merece uma alegria de vez em quando.
Eu só espero que quando chegar a Copa da África, o Brasil consiga ser fulminante contra as seleções que ele irá enfrentar.
Aí é que a porca torce o rabo.

Fonte: www.sapatada.futblog.com.br

Nairlan Clayton Barbosa é comentarista esportivo e locutor em Montes Claros/MG.

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